segunda-feira, 23 de julho de 2012

Religião


 A ciência multiplica as possibilidades dos sentidos e a filosofia aumenta os recursos do raciocínio, mas a religião é a força que alarga os potenciais do sentimento.  Por isso mesmo, no coração mora o centro da vida. Dele partem as correntes  imperceptíveis do desejo que se substanciam em pensamento no dínamo cerebral, para  depois se materializarem nas palavras, nas resoluções, nos atos e nas obras de cada dia.
 Na luta vulgar, há quem menospreze a atividade religiosa, supondo-a mero artifício do sacerdócio ou da política, entretanto, é na predicação da fé santificante que  encontraremos as regras de conduta e perfeição de que necessitamos para o crescimento  de nossa vida mental na direção das conquistas divinas.  A humanidade, sintetizando o fruto das civilizações, é construção religiosa.  Dos nossos antepassados invertebrados e vertebrados caminhamos nos milênios, de  reencarnação em reencarnação, adquirindo inteligência, por intermédio da experimentação incessante, mas não é somente a razão o fruto de nosso aprendizado, no decurso dos séculos, mas também o discernimento ou a luz espiritual, com que pouco a pouco aperfeiçoamos a mente.    
 A religião é a força que está edificando a Humanidade. É a fábrica invisível do caráter e do sentimento.  Milhões de criaturas encarnadas guardam, ainda, avançados patrimônios de animalidade.  Valem-se da forma humana, como quem aproveita de uma casa nobre para a incorporação de valores educativos. Possuem coração para registrar o bem, contudo,  abrigam impulsos de crueldade. O instinto da pantera, a peçonha da serpente, a  voracidade do lobo, ainda imperam no psiquismo de inumeráveis inteligências.
 Só a religião consegue apagar as mais recônditas arestas do ser. Determinando nos  centros profundos de elaboração do pensamento, altera, gradativamente, as  características da alma, elevando-lhe o padrão vibratório, através da melhoria crescente  de suas relações com o mundo e com os semelhantes.
Nascida no berço rústico do temor, a fé iniciou o seu apostolado, ensinando às tribos  primárias que o Divino Poder guarda as rédeas da suprema justiça, infundindo respeito à  vida e aprimorando o intercâmbio das almas. Dela procedem os mananciais da  fraternidade realmente sentida, e, embora as formas inferiores da religião, na antigüidade,  muita vez incentivando a perseguição e a morte, em sacrifícios e flagelações deploráveis,  e apesar das lutas de separação e incompreensão que dividem os templos nos dias da  atualidade, arregimentando-os para o dissídio em variadas fronteiras dogmáticas, ainda é  a religião a escola soberana de formação moral do povo, dotando o espírito de poderes e  luzes para a viagem da sublimação.
 Fonte: Livro Roteiro

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