A ciência multiplica as possibilidades dos
sentidos e a filosofia aumenta os recursos do raciocínio, mas a religião é a
força que alarga os potenciais do sentimento.
Por isso mesmo, no coração mora o centro da vida. Dele partem as correntes imperceptíveis do desejo que se substanciam
em pensamento no dínamo cerebral, para
depois se materializarem nas palavras, nas resoluções, nos atos e nas
obras de cada dia.
Na luta vulgar, há quem menospreze a atividade
religiosa, supondo-a mero artifício do sacerdócio ou da política, entretanto, é
na predicação da fé santificante que
encontraremos as regras de conduta e perfeição de que necessitamos para
o crescimento de nossa vida mental na
direção das conquistas divinas. A
humanidade, sintetizando o fruto das civilizações, é construção religiosa. Dos nossos antepassados invertebrados e
vertebrados caminhamos nos milênios, de
reencarnação em reencarnação, adquirindo inteligência, por intermédio da
experimentação incessante, mas não é somente a razão o fruto de nosso
aprendizado, no decurso dos séculos, mas também o discernimento ou a luz
espiritual, com que pouco a pouco aperfeiçoamos a mente.
A religião é a força que está edificando a
Humanidade. É a fábrica invisível do caráter e do sentimento. Milhões de criaturas encarnadas guardam,
ainda, avançados patrimônios de animalidade.
Valem-se da forma humana, como quem aproveita de uma casa nobre para a
incorporação de valores educativos. Possuem coração para registrar o bem,
contudo, abrigam impulsos de crueldade.
O instinto da pantera, a peçonha da serpente, a
voracidade do lobo, ainda imperam no psiquismo de inumeráveis
inteligências.
Só a religião consegue apagar as mais
recônditas arestas do ser. Determinando nos
centros profundos de elaboração do pensamento, altera, gradativamente,
as características da alma, elevando-lhe
o padrão vibratório, através da melhoria crescente de suas relações com o mundo e com os
semelhantes.
Nascida no berço rústico do
temor, a fé iniciou o seu apostolado, ensinando às tribos primárias que o Divino Poder guarda as rédeas
da suprema justiça, infundindo respeito à
vida e aprimorando o intercâmbio das almas. Dela procedem os mananciais
da fraternidade realmente sentida, e,
embora as formas inferiores da religião, na antigüidade, muita vez incentivando a perseguição e a
morte, em sacrifícios e flagelações deploráveis, e apesar das lutas de separação e
incompreensão que dividem os templos nos dias da atualidade, arregimentando-os para o dissídio
em variadas fronteiras dogmáticas, ainda é
a religião a escola soberana de formação moral do povo, dotando o
espírito de poderes e luzes para a
viagem da sublimação.
Fonte: Livro Roteiro
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